| Carlos Rizzo | | | | Florisuga fusca sem rabo. |
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Fiquei surpreso quando me deparei com este beija-flor, um Florisuga fusca, sem boa parte do rabo. Nunca havia imaginado como se comportaria um beija-flor sem o rabo. Nos beija-flores podemos perceber com facilidade as várias manobras do vôo que dependem dos movimentos do rabo. Este aí está tendo dificuldades para se abastecer no bebedouro. Ele não se acerta no rumo do bebedor e a demora provoca a impaciência dos outros da sua espécie. Este beija-flor me fez lembrar dos estudos do nosso Gastão Madeira sobre o vôo das aves planadoras que culminou, em 1892, nas patentes do sistema de estabilização no vôo dos veículos mais pesados que o ar. Gastão Madeira é um dos pioneiros da aviação. Só foi reconhecido como tal em 1937, mas 14 anos antes do 14BIS, enquanto Santos Dumont ainda experimentava vôos em balões, ele já trabalhava com os veículos mais pesados que o ar como a solução para o vôo do homem. Através da observação do vôo das aves planadoras ele descobriu o porque da importância do rabo no vôo das aves. De acordo com o movimento do rabo o centro de gravidade da ave vai oscilando por todo o comprimento do corpo dela. O centro de gravidade da ave está em diferentes lugares para cada uma das funções do vôo, a decolagem, a planagem e o pouso. Daí Gastão Madeira idealizou o seu estabilizador, que consistia em um peso movimentado por toda a extensão da aeronave possibilitando assim, aquelas três funções básicas do vôo. Um sistema que Santos Dumont teve que usar no seu primeiro avião e que é usado até hoje por todas as aeronaves na forma de flaps. Aquelas aletas móveis nas partes traseiras de todas as asas dos aviões. Os aviões como conhecemos, colocam no mesmo lugar as diferentes funções da asa e do rabo das aves. A agilidade e variedade de vôos de um beija-flor ainda permitem várias manobras sem o rabo. De qualquer forma este aí está se virando, o que seria impossível para um urubu que não consegue decolar, planar ou pousar sem um rabo para se equilibrar.
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