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Comportamento
09/12/2006 - 11h06
Conseqüências do culto à forma
Michelson Borges
 

Duas notícias me surpreenderam no Fantástico: mulheres estão extraindo costelas para ter cintura mais fina e na Dinamarca o nudismo foi usado numa campanha publicitária oficial para chamar a atenção dos motoristas.

A primeira reportagem iniciava assim: "Depois de aumentar os seios e o bumbum com silicone, paralisar os músculos do rosto com botox e fazer plástica para aumentar os lábios, onde mais as mulheres querem mexer? Obcecadas com as formas do corpo, elas agora querem afinar a cintura a qualquer preço - recorrendo aos torturantes espartilhos ou até mesmo fazendo cirurgia para tirar uma costela."

A matéria também informou que o corpo humano tem 12 pares de costelas, que protegem toda a parte cardíaca, os pulmões, o fígado e o baço. São ossos que saem da coluna vertebral, contornam o tórax e se unem ao osso do peito, o esterno. Os dois últimos pares são os únicos que não se unem na frente. São as costelas flutuantes. Justamente as costelas de que algumas mulheres estão querendo se livrar. A que ponto chegamos? Seres humanos que se dizem inteligentes querendo mudar o design inteligente do corpo humano!

O professor Ivo Pitanguy, um dos maiores cirurgiões plásticos do mundo, disse: "A retirada de um órgão, que o organismo colocou sabiamente para proteger qualquer agressão externa, é um absurdo. É uma cirurgia fácil de fazer, mas mutilante, e não deve ser feita." [Deixemos para lá a afirmação de que "o organismo colocou sabiamente", e aproveitemos o restante da declaração.]

Então, por que as mulheres estão se submetendo a essa cirurgia? Por causa do culto à forma. "Eu vi duas artistas em revistas, gostei e quis fazer também", conta uma das entrevistadas. Grande motivo!

A posição da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é clara quanto à retirada das costelas para fins estéticos: "A Sociedade não recomenda esse tipo de cirurgia", afirma José Saldanha, presidente.

"É importante que cada um tenha alegria com seu biótipo. Procure melhorá-lo, mas sem agredir toda a integridade do seu corpo", aconselha Pitanguy.

Mas como estar satisfeito consigo se a mídia insiste em padrões de beleza e na exploração do corpo? A outra notícia a que me referi é uma amostra disso.

"Nem todas as armas são eficientes [no combate ao excesso de velocidade no trânsito], mas algumas são bem criativas. Uma delas ultrapassou os limites. A criatividade é de origem estrangeira. Ninguém presta atenção em placa de trânsito, certo? Os dinamarqueses resolveram, então, mudar não a placa, mas o poste que a segura: colocaram mulheres com os seios de fora. Agora todo mundo reparou... na placa."

A campanha foi bolada pelo Conselho de Segurança no Trânsito da Dinamarca. O vídeo foi colocado na internet para chamar a atenção dos jovens para o limite de velocidade. "De forma descontraída e bem-humorada, [a campanha] adverte o motorista para os riscos do excesso de velocidade. As meninas são de parar o trânsito. Eu acho positivo", comentou Elmar Pereira de Mello, pesquisador de trânsito (IPR/DNIT).

Moças esculturais já faziam e fazem comercial de cerveja, propaganda de lingerie etc. - agora também param o trânsito. E como se sentem as "outras mulheres" com tanta insistência num determinado estereótipo? Como nem todas têm o biótipo "ideal" ou não dispõem de tempo para passar o dia em academias, acabam recorrendo a medidas extremas como a extração das costelas.

Em 19/10/2005, a revista IstoÉ publicou a entrevista "Cuidado com os burros motivados", com o psiquiatra e psicoterapeuta Roberto Shinyashiki. A certa altura, ele diz: "Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. ...Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer."

Para encerrar essa postagem que mostra que o século 21 está longe de ser aquele futuro esclarecido tão desejado em anos anteriores, deixe-me lembrar um outdoor da academia Runner que dizia o seguinte: "Neste verão, você quer ser sereia ou baleia?" Ao ver a placa provocativa, uma paulista distribuiu o seguinte e-mail por aí:

"Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça ’escultural’ de biquíni e a frase: ’Neste verão, você quer ser sereia ou baleia?’"

"Respondo: baleias sempre estão cercadas de amigos. Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos. Baleias amamentam. Baleias nadam por aí, cortando os mares e conhecendo lugares legais como as banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia. Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão à beça. Baleias esguicham água e brincam muito. Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados. Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais. Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas."

"Sereias não existem. Se existissem viveriam em crise existencial: ’Sou um peixe ou um ser humano?’ Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza. São lindas, mas tristes, e sempre solitárias..."

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