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COLUNISTA
Carlos Rizzo
13/11/2006 - 10h00
Chama o ladrão!
 
 

Interessante o artigo sobre a estátua do Anchieta escrito pelo Beto Avaloha Segantini. Como fica fácil interpretar a História com olhos tão superficiais. Pena que é irresponsável.

Sendo músico, ele até tem essa “licença” pois ao modo de Stanislaw, escreveu um novo samba do crioulo doido. Interpretar com olhos tão licenciosos a história perdida na noite dos tempos, impondo aos personagens sentimentos e caracteres que não temos como corroborar é no mínimo temerário.

Querer valorizar os tupinambás desvalorizando José de Anchieta, revela uma prepotência própria de um avatarzinho.

Beto Avaloha Segantini não tem convicção de idéias. Neste ano, como funcionário da Fundart, foi cúmplice no boicote ao patrocínio de um média metragem que iria representar Ubatuba no Festival Nacional de Filmes sobre Ecologia, o tema era a comunidade tradicional do Puruba e o manejo sustentável dos rios.

Na época, desmerecendo a cultura caiçara, ele afirmou que faria o trabalho por R$ 200,00, agora entendo qual seria o resultado.

Se de um lado devemos olhar com ressalvas a História Oficial, de outro temos a obrigação de trabalhar para que a História dos esquecidos de hoje seja registrada e devidamente valorizada. Reescrever a História me remete a interesses da laia de um Goebbels ou àqueles que precisam roubar o passado para escrever o futuro que melhor lhes convém.

Não tenho a mínima vergonha de ser branco europeu e isso não me pesa na consciência, tampouco me importa qual herança genética devo homenagear, tanto que não vejo necessidade de mudar de nome. O que mais me incomoda é ainda conviver com colonizadores envergonhados no mesmo espaço e tempo em que a cultura caiçara está sendo dizimada. Me incomodaria muito mais ser cúmplice no extermínio de uma cultura centenária em nome de interesses momentâneos.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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