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COLUNISTA
Carlos Rizzo
08/11/2006 - 06h20
Disfarces juvenis
 
 
Carlos Rizzo 

O observador de aves vai adquirindo credibilidade conforme a quantidade e a qualidade dos avistamentos que vai juntando. Chega ao ponto de a palavra dele ter o valor de um documento, daí a importância do checklist. Ordenamento e registro das informações de maneira simples e barata.

Cada ave anotada implica no avistamento atual e no futuro reconhecimento. Para isso é necessário observar a plumagem, a vocalização, os hábitos de vôo, de alimentação e de descanso. Este ajuntamento de informações é o que mais me atrai na observação de aves.

Outros observadores preferem fotografar, seja para complementar as informações, seja para o registro de maneira rápida e eficiente.

Fotografar implica em custos que são proporcionais às ansiedades da qualidade das fotos. Particularmente não tenho a disponibilidade financeira, nem a formação técnica para as fotos que gostaria de produzir. Vou me contentando com o título de pior fotografo da Internet, pois para mim, antes da qualidade da foto vem a oportunidade do registro.

É difícil aliar conhecimento, equipamento e oportunidade. Outro dia fui solicitado para orientar um casal de fotógrafos, eles com um equipamento de primeira e eu com os pontos para fotografia resultou em incríveis fotografias.

Meu amigo Henrique Russo, sabendo dessa minha limitação, emprestou uma Canon analógica com uma tele de 210 mm. Resolvi que vou tirar fotos que não existem nos arquivos de aves que conheço. Montei um cenário no alimentador de casa, para tirar o melhor proveito do equipamento e conseguir as fotos desejadas.

Todos nós conhecemos e admiramos o tié-sangue, não é à toa, o vermelho dele é chamativo e encantador. Ao contrário da fêmea que é castanho avermelhado pouco chamativa. Os filhotes tem a mesma cor da mãe, os machinhos só vão adquirir o vermelho do pai quando adultos. Para diferenciar o sexo dos filhotes basta olhar aquela mancha branca ao lado do bico igual este da foto, que é um macho juvenil. Só depois de plenamente desenvolvido e se tornar capaz de se defender dos predadores irá adquirir as cores do pai. Uma fotografia igual a essa só nesta época do ano.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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