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COLUNISTA
Carlos Rizzo
29/09/2006 - 14h16
Periquito cu tapado
 
 
Carlos Rizzo 

Não está escrito errado. É assim mesmo que o caiçara chama o periquito da foto.

Quando estava na pesquisa que resultou no livro “O Falar caiçara” me deparei com uma série de palavras que eram de uso comum e sem a conotação imoral ou chula que se dá hoje em dia.

Como exemplos podemos citar o cabaço que era o nome usado para designar a conhecida hoje como cabaça. Aquele gafanhoto que fica relando o rabo na flor d’água o caiçara chamava de lava cu e devido ao rabo curto que parece encolhido este periquito leva aquele nome. Com certeza o Eduardo Souza vai ficar com as bichas assanhadas só de relembrar estes e outros nomes de uso comum dos caiçaras antes da chegada dessa nova “moral” trazida pelos turistas.

Mesmo hoje usamos uma série de palavras que não damos conotação imoral ou chula por mera ignorância da raiz de cada palavra. Usando o mesmo etmo podemos citar o recuado e o acuado. Quer palavra mais chula do que enfezado?

Por falar nisso voltemos ao c... tapado. Apesar do nome periquito o tipinho da foto é um apuim, eles se diferenciam pelo comprimento e formato da calda. Os periquitos tem a calda longa e afinada, os apuim tem a calda curta e quadrada. Este daí é o apuim-da-calda-amarela; Touit surda.

Outro erro que cometemos é imaginar que uma palmeira tomba quando morre. Não sei há quantos anos esta palmeira ao lado da biblioteca está morta. Morta como árvore. Porém a natureza recicla com sabedoria e, no interior do tronco da palmeira morta o casal está construindo o seu ninho. No alto, o macho cuida do telhado e na cava de baixo a fêmea trança a cama dos ovos.

Mais uma colaboração do nosso amigo Wilson do posto de gasolina da Praça 13 de Maio que ainda aponta para um ninho de tuju e outro de gaturamo na árvore em frente à biblioteca.

Por isso devemos ter muito critério na poda de árvores nesta época. A grande maioria das aves nidifica nesta época do ano e as árvores se transformam em verdadeiras maternidades.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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