Carlos Rizzo |  |
Observar aves é um prazer constante. Nos envolve aos poucos, e parece não se esgotar as surpresas que a natureza vai nos apresentando. A primeira vez que ouvi a vocalização desse pica-pau, ele já havia voado para longe de qualquer observação melhor, isso foi em 2005. Foi ali na área de estacionamento ao lado do aeroporto Gastão Madeira, em frente ao “Rei do Peixe”. Pelo som dava para identificar como um pica-pau, mas qual deles? Em Ubatuba temos 09 variedades dessa ave com vocalizações variadas. O que mais me intrigou foi tentar entender o que um pica-pau estava fazendo no meio do mato “pastando”. Por este hábito, pude concluir que era o Colaptes campestris - Campo Flicker ou pica-pau-do-campo o único que pousa com freqüência no solo. Pelas fotos dos guias de identificação pude confirmar, mas não pude marcar no meu checklist até confirmar com um avistamento mais seguro. Esta semana, próximo do meio dia, olho para a mesma área e lá estavam eles novamente, dois no chão e o terceiro (da foto) no alto do poste, como que vigiando. Tirei várias fotos com a minha gambiarra fotográfica. Uma máquina digital acoplada num binóculo. Não sai uma foto com qualidade para uma exposição, mas é o suficiente para o registro do avistamento. É assim que vamos aprimorando nossa capacidade de identificação das aves. Aprendemos a ver a plumagem, hábitos alimentares, tipo de vôo, local de pouso e a vocalização. Reconhecer as inúmeras vozes das aves é o mais complicado, garanto que não é nada impossível guardar cento e poucas vocalizações diferentes. Até eu consigo, apesar do meu ouvido mouco.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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