Roteiros de James Bond foram os primeiros a utilizar forma de narração que permitisse dar seqüência a história nos filmes seguintes. Pesquisa da ECA também mostra que sucesso do agente 007 baseia-se na imagem de sucesso e sofisticação do personagem Bond, James Bond. O conhecido agente secreto, personagem de vários filmes de ação, é um retrato dos desejos da sociedade atual - sofisticado e bem-sucedido. "O personagem foi o primeiro a usar a estrutura das histórias atuais, nas quais o mocinho, após passar por dificuldades, tem sempre um final feliz, abrindo a possibilidade de uma continuação da série. O consumo também marca presença, por meio dos produtos caros e elegantes do agente", explica o professor e produtor de rádio e TV Pedro Paulo Vaz. Vaz analisou os filmes de James Bond em sua dissertação de mestrado defendida recentemente na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Segundo ele, podemos definir Bond como um herói. "O agente 007 é um homem que sente dor, medo, ódio, paixão, desejo e não possui superpoderes", afirma, lembrando que o personagem britânico surgiu para elevar a auto-estima da Europa recém-saída da 2ª Guerra Mundial. Consumo O sucesso dos filmes se baseia, também, nessa imagem bem-sucedida do personagem, desejada por muitos. Os produtos reais usados pelo agente no filme são sempre associados à qualidade: ele agrega valor às marcas. "Por isso há uma disputa na definição de quais serão os carros, as bebidas, os relógios, os celulares e outros produtos de alta tecnologia que vão ser utilizados por James Bond no próximo filme", conta Vaz. Esses produtos são voltados para classes de maior poder aquisitivo, apesar de o público-alvo do filme não ser, necessariamente, este. Ainda assim, estas marcas investem no público de James Bond, pois sabem da grande influência que o personagem exerce sobre seus admiradores. "Há as pessoas que vão ao cinema para poder sonhar com esse mundo e as que pertencem a ele e são compradores potenciais desses produtos." Os filmes do Agente 007 são atuais também quanto aos perigos enfrentados. As tramas das aventuras são grandes temas da história recente, que trazem os conflitos políticos dos períodos em que cada longa-metragem foi rodado. Já foram abordados a Guerra Fria, os mísseis de Cuba e o comunismo. Houve um ambientado no Oriente Médio e outro que retratou o conflito da conquista do espaço entre russos e americanos. "Há essa junção entre o real e a ficção. O último filme do James Bond, por exemplo, 007 - Um Novo Dia Para Morrer (2002), se passa na Coréia do Norte, uma região de conflito", diz Vaz. Brasil Um dos 21 filmes já lançados, 007 Contra o Foguete da Morte (Moonraker, 1979), tem locações em território brasileiro. Porém, por falta de conhecimento dos realizadores a respeito do Brasil, há erros de continuidade na história. "Uma perigosa perseguição no bondinho do Rio de Janeiro termina em Foz do Iguaçu, cidades que são mostradas como próximas. Há também a confusão entre os estilos de música, do samba com a rumba", explica Vaz. O professor preferiu estudar as características próprias do personagem, não analisando os atores que o interpretaram, como Sean Connery, Pierce Brosnam e Roger Moore, mas reconhece que "há uma aura, um glamor especial sobre os que representaram James Bond nas telas, afinal a imagem do personagem é o próprio ator." Criado por Ian Fleming (1908 - 1964), James Bond retrata o alter-ego de seu autor, que foi um sofisticado agente secreto do Serviço de inteligência da Marinha Inglesa. O personagem, que inicialmente existia apenas em obras literárias, foi criado em 1953, e seu primeiro filme data de 1962. A estréia do 22º filme do agente está prevista para novembro deste ano. Segundo o pesquisador, um quarto da população mundial já viu ao menos um filme de James Bond.
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