O intelectual precisa retomar o seu papel de vanguarda na sociedade e defender o interesse público e o bem comum. A opinião é do pesquisador José Marques de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação, que encerrou dia 9 o 29° Congresso Nacional de Ciências da Comunicação (Intercom). De acordo com Marques de Melo, existe uma tendência da intelectualidade do mundo atual de "fingir que não vê o que está vendo". Ele inclui os jornalistas nesta categoria, embora acredite que a imprensa cumpra mais o seu papel "do que os intelectuais que estão na academia, porque a imprensa está sendo sempre fustigada pela audiência dos leitores". Em entrevista à Agência Brasil, Marques de Melo fez referência a jornalista cearense Adísia Sá, homenageada durante o Congresso, por seus 50 anos de boa prática jornalística. Ao agradecer, Adísia fez um apelo "pela ética dos intelectuais". Para ela, os intelectuais hoje silenciam e adotam uma atitude de faz-de-conta. Tendo como palco dos debates a capital do país, o tema deste ano foi Estado e Comunicação. "Trata-se de um espaço simbólico, onde o Estado Brasileiro está enraizado, sediando também o corpo diplomático que representa os Estados com os quais mantemos relações permanentes, bem como as delegações institucionais que compartilham o poder político nacional", explicou Marques de Melo. O tema foi escolhido também em lembrança dos 300 anos que Portugal decretou a supressão da primeira tipografia de que se tem notícia em funcionamento no território colonial brasileiro. Na análise do pesquisador, desde então, o Brasil vem seguindo por uma tradição autoritária, em que o estado impõe a censura à imprensa. "Tivemos uma boa oportunidade para dialogar com os agentes dos poderes constitucionais do poder executivo, legislativo e judiciário, na tentativa de identificar como o Brasil se desenvolveu nos últimos anos em relação às políticas de comunicação", comentou. A conclusão, disse Marques de Melo, é que "hoje o Brasil vive uma das melhores fases em relação à liberdade de imprensa. A Constituição de 88 tem mecanismos que impedem a volta da censura". O Intercom reuniu cerca de 3000 participantes, que apresentaram, 1200 trabalhos de pesquisa. No encerramento, foi escolhida a cidade de Santos, literal de São Paulo, como sede do próximo Intercom. A intenção é comemorar o 30° aniversário do evento no mesmo local onde ele ocorreu pela primeira vez.
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