Desde a década de 90 a Organização Mundial de Saúde (OMS) trata o suicídio como um problema de saúde pública. No Brasil, a questão foi assumida como tal em dezembro de 2005, quando o então ministro da Saúde, Saraiva Felipe, assinou uma portaria instituindo o grupo de trabalho responsável pela elaboração de políticas nacionais de prevenção ao suicídio. Até então o país considerava a orientação da OMS, mas não havia nenhuma ação que formalizasse isso, diz o coordenador das Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio, o psiquiatra Carlos Felipe Almeida. "Embora a iniciativa tenha partido do ministério, foi feito um pacto nesse sentido entre as três esferas de governo: federal, estadual e municipal”, explica. "Quando um país traz para si a questão do suicídio como um problema de saúde pública, ele está avançando, porque está levando a discussão para o âmbito de toda a sociedade”, observa. Segundo ele, dois fatores principais levaram a questão para a esfera da saúde pública: o aumento mundial da mortalidade por suicídio e o fato de o suicídio provocar danos sociais. De acordo com a OMS, atualmente um milhão de pessoas se matam por ano no mundo. As médias globais variam de 25 mortes por 100 mil habitantes (em países do leste europeu e no Japão, por exemplo) até menos de dez mortes a cada 100 mil habitantes (em lugares como Espanha, Itália, Irlanda, Egito e Holanda). Em 2004, a média brasileira era de 4,5 mortes por 100 mil habitantes, de acordo com um estudo feito pelo ministério, em parceria com universidades públicas e privadas. O coordenador do ministério ressalta que, embora a média sirva como parâmetro, ela não considera fatores importantes como faixa etária, etnias e diferenças regionais. "A média é um dado construído, que não mostra essas nuances. A média é brasileira é baixa em relação a outros países, mas o suicídio acontece em todos os estados e regiões, entre homens e mulheres, em todas as classes sociais, entre jovens e idosos, negros e indígenas".
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