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27/06/2004 - 04h56
Evento desvenda os mistérios da cultura japonesa
 
 

Parte do Calendário Turístico Oficial do Estado, das comemorações dos 450 anos da cidade e, ainda, das festas que marcam a passagem dos 96 anos da imigração japonesa no Brasil, de 23 a 25 de julho, no pátio da Assembléia Legislativa de São Paulo (ALSP), o VII Festival do Japão apresenta as diversas faces da milenar cultura japonesa e promete levar mais de 400 mil pessoas ao Ibirapuera.

Iniciativa da Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil (Kenren), que reúne as entidades representativas dos imigrantes procedentes das 47 províncias japonesas e seus descendentes, o Festival do Japão é a maior festa popular realizada pela comunidade nikkei fora do país de origem. A sétima versão, anunciada na manhã de segunda-feira (21/06), em coletiva de imprensa no Salão Nobre da Presidência da ALSP, traz como tema central o "Espírito Samurai" e promete bater mais um recorde de público. Numa área de 12 mil metros quadrados, o evento deve registrar freqüência bastante superior à do ano passado, quando cerca de 350 mil pessoas o visitaram.

A expectativa se explica. "Além de trazer, com a máxima abrangência e riqueza de detalhes, os múltiplos aspectos da cultura japonesa, o festival desvenda os mistérios e controvérsias que ainda cercam a figura do samurai, visto no Ocidente, tão-somente, como um guerreiro a serviço da nobreza", resume o presidente do Kenren, Koichi Nakazawa, imigrante da Província de Miyagui. "O VII Festival do Japão, revela o samurai enquanto guardião da honra entre os homens, do respeito à natureza e às divindades protetoras e do culto aos mais elevados valores da alma", explica Nakazawa.

Na busca da harmonia com o meio, do despertar, do conhecimento e da conseqüente iluminação interior, princípios do Xintoísmo e do Budismo, o samurai fazia do cotidiano, fora das batalhas travadas à frente dos exércitos, uma peregrinação obstinada pelos chamados "caminhos", ou "do". Com base nessa filosofia é que floresceram culturas como o chado (cerimônia do chá), shodo (caligrafia de ideogramas com pincel), kendo (esgrima) e kado (poemas), entre outros, além do ikebana (arte do arranjo floral), resgata Minoru Tabata, presidente da Comissão Executiva do Festival, ele próprio, imigrante da Província de Kagoshima, a terra dos famosos guerreiros.

Entre os samurais, ensina Tabata, o mais importante não era a fortuna material que poderiam acumular, mas, sim, o rigoroso cumprimento do ’bushido’ (bushi=guerreiro), "O bushido, código baseado na honra extrema e na ética, contribuiu para a formação da antiga educação japonesa, que os imigrantes trouxeram para este País", diz o imigrante. Tabata considera que o compromisso com a honestidade e a disposição para o trabalho, além do esforço e perseverança, herdados pela cultura, explicam a elevada reputação de que os descendentes japoneses, já na quarta geração, desfrutam na sociedade brasileira.

Mas os organizadores também atribuem o sucesso do Festival do Japão à profunda relação de amizade que une os povos japonês e brasileiro. Um verdadeiro exército de mais de mil voluntários, dos quais cerca de 200 apenas na organização, trabalha para fazer da festa uma forma de popularizar a cultura japonesa no Brasil e, assim, retribuir a hospitalidade com a qual este País vem recebendo os imigrantes, desde 1908. "A participação voluntária explica o pequeno investimento - de pouco mais de R$ 400 mil -, apesar da magnitude do evento", registra Nakazawa.

Exemplo clássico da mobilização da comunidade é a farmacêutica Julie Arai. Neta de imigrantes da Província de Gunma, ela é responsável pela programação do palco. "Somente com os grupos folclóricos de dança, teatro, música instrumental, canto e artes marciais, teremos cerca de 15 horas de espetáculo. Os visitantes ficarão maravilhados com as apresentações", promete Julie, que aponta, entre os destaques da festa, as mágicas apresentações de taiko (tambores), e, ainda, as presenças de três dos mais populares cantores japonesas da atualidade: Tomaru Yu, Nakahira Makiro e Inowe Yumi, que prestigia o festival já segunda vez.

Evento cultural

Na área de exposições, sete praças temáticas fazem do VII Festival do Japão uma fantástica viagem no tempo e no espaço, levando os participantes à compreensão daquilo que o Japão oferece ao mundo. Tudo começa pelo próprio formato do evento e o lugar escolhido - o pátio da Assembléia Legislativa -, que honram a tradição. "No Japão, é muito comum a promover eventos culturais e comunitários nas praças e áreas contíguas às repartições públicas, o que facilita o acesso da população e favorece a integração social", explica Carlos Takahashi, diretor de Cerimonial da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, filho de imigrantes da Província de Iwate.

As sete praças temáticas foram planejadas de modo a traduzirem a diversidade cultural nipônica e os aspectos que resultaram da mescla com os traços culturais do Brasil. A Praça da Amizade, por exemplo, é um convite à cooperação entre os povos, com estandes montados pelos organismos multilaterais de intercâmbio, cuja ação é intensa nas iniciativas ligadas à formação de liderança e cidadania. A Praça da Cultura apresenta exposições de ikebana, bonsai (árvores miniaturas), origami (dobradura), kirigami (recorte de papel), shodo (escrita japonesa) e tako (pipa), além do chado, objeto de um estande no estilo japonês mais autêntico, e do qual participam professores e ritualistas em trajes típicos. O público poderá não apenas contemplar as exposições, mas, também, freqüentar os cursos ministrados nos workshops. Nesse caso, a estrutura prevê salas de nihongô (língua japonesa), manga (história em quadrinhos) e animê (desenho animado).

A Praça do Verde, símbolo da harmonia com a natureza, é uma contribuição ao tema da alimentação, divulgando a importância do consumo da soja para a saúde das pessoas. "O Brasil é o maior produtor mundial de soja e a população precisa saber como aproveitar o potencial nutritivo desse alimento, um dos mais completos", argumenta Tadashi Watanabe. Imigrante da Província Hyogo, ele é diretor da Oisca (Organization for Industrial, Spiritual and Cultural Advancement), a ONG (Organização Não-Governamental) que assina uma série de estudos sobre o produto. No espaço do qual participam vários outros países produtores, além do Brasil, a programação inclui cursos sobre técnicas de plantio orgânico, ecologicamente corretas, e aulas de culinária nas quais o visitante poderá aprender a preparar, a partir da soja, massas, tortas, sucos e outras receitas capazes de tornar o alimento mais agradável ao paladar brasileiro.

A Praça de Eventos, com amplo auditório reservado para espetáculos artísticos, e a Praça de Gastronomia ocupam a maior parte da área coberta do festival. Nas duas, os visitantes poderão apreciar os mais deliciosos pratos da cozinha japonesa, servidos nos estandes das províncias. No cardápio destacam-se os populares yakisoba, tempurá e sushi, à moda genuinamente japonesa, como não se encontram nem mesmo nos melhores restaurantes da Liberdade. Mas, também, a sopa dos samurais, bolinhos de polvo, panqueca japonesa, arroz socado (moti), nas diversas receitas, e até o tempurá de sorvete. Tudo regado ao mais tradicional jeito nikkei de servir. "A culinária japonesa é um ritual que inclui desde a escolha do lugar apropriado até a apresentação dos pratos segundo critérios estéticos", explica o engenheiro Celso Nagayassu, responsável pelo setor de gastronomia, filho de imigrantes da Província de Hiroshima.

Os valores arrecadados com a venda de alimentos serão destinados à aquisição de kits da Padaria Artesanal, programa do Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado, presidido por Maria Lúcia Alckmin. "As padarias artesanais, projeto pelo qual doamos equipamentos para a fabricação de pães com alto valor nutritivo e comercial, têm enorme importância socioeconômica", explica a primeira-dama do Estado. Os kits, contendo forno de inox, batedeira, liquidificador, balança e assadeira de alumínio, são entregues a entidades comunitárias treinadas de maneira a aproveitarem melhor os recursos na fabricação do pão, incluindo noções de saúde e higiene. Atualmente, as 5,6 mil padarias artesanais em funcionamento no Estado reforçam a merenda em 1,6 mil escolas da rede pública estadual, ajudando a melhorar a renda das famílias carentes envolvidas na produção dos pães. Em 2002, o V Festival do Japão arrecadou cinco toneladas em alimentos e agasalhos e, em 2003, destinou duas toneladas de arroz ao Fundo.

A Praça do Meio Ambiente e a Praça dos Sonhos, finalmente, apresentam a contribuição científica e tecnológica do Japão, resgatando a história de ações concretas da comunidade, no Brasil e na América Latina. Trata-se de um espaço que favorece o conhecimento mútuo entre os povos, tomando como caminho o turismo, uma das maneiras de realizar o sonho do ser humano, livrando-o da rotina do dia-a-dia, explicam os organizadores.

Evento econômico

A importância econômica do VII Festival do Japão se mede pelo peso das empresas que o apóiam e, ainda, daquelas que reservaram espaço na área das exposições, este ano com mais de cem estandes. Na lista dos patrocinadores, que, pela primeira vez, na história do evento, se beneficiam da Lei Rouanet, além dois maiores bancos do País - Banco do Brasil e Bradesco - figuram, entre outras, empresas como Honda, Sansuy, Tópico Soluções Integradas e Toyota, que, juntas, faturaram mais de R$ 6 bilhões no ano passado.

Infra-estrutura e funcionamento

O VII Festival ocupará o pátio da Assembléia Legislativa inteiro. Mas a infra-estrutura será totalmente independente, de modo a não onerar o poder público. "Faz parte da cultura japonesa não causar incômodos aos outros, conforme o meiwaku. Assim, o fornecimento de energia elétrica se fará por geradores, a água será garantida por caminhões-pipa e os serviços de recolhimento de lixo e banheiros públicos serão contratados", explica o engenheiro Juniti Miyahara, responsável pela logística do evento. Filho de imigrantes da Província de Okayama, para ele, "o evento é uma excelente oportunidade de divulgação da cultura japonesa no Brasil e, também, uma forma de fortalecer as entidades nikkeis e preparar os jovens voluntários para a atividade comunitária, elementos essenciais na construção de uma sociedade melhor".

O VII Festival do Japão estará aberto ao público no dia 23 (sexta-feira) de julho, de 16 às 20 horas, e, nos dias 24 e 25 (sábado e domingo), de 10 às 20 horas. A abertura oficial será no dia 24, às 10 horas, com a presença de diversas autoridades estaduais e municipais. De modo a facilitar o acesso dos visitantes à área do evento, haverá uma linha de ônibus a partir da Estação de Metrô Ana Rosa até o Parque do Ibirapuera.

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