O turista estrangeiro que vem ao Brasil é fiel: mais de 96% deles têm a intenção de voltar; em média 60% vieram mais de uma vez e a grande maioria faz uma avaliação positiva do país, tanto em relação à infra-estrutura básica quanto à turística. Esses viajantes, que crescem a cada ano, também estão diversificando suas visitas, ou seja, cada vez conhecem mais e diferentes cidades. E, para completar, também estão gastando mais. Essa é a principal conclusão da pesquisa "Caracterização e Dimensionamento do Turismo Internacional no Brasil - 2004-2005", realizada pelo segundo ano consecutivo para o Ministério do Turismo e a Embratur pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo. Com mudanças metodológicas em relação aos estudos realizados antes de 2004, a pesquisa da Fipe é considerada a mais representativa desse universo, e sua segunda edição nos permite a primeira comparação de uma nova série histórica de coleta de dados sobre o turismo internacional no Brasil. Seu aperfeiçoamento corrigiu distorções estatísticas, e possibilitou uma leitura qualitativa a respeito do comportamento do turista estrangeiro, em especial quanto aos seus gastos e motivação para viajar. Esse aperfeiçoamento significa, porém, que não podemos estabelecer quaisquer tipos de "ranking" de preferência do turista, seja por cidades, regiões, ou motivação da viagem. Esses dados continuam sendo coletados pela Polícia Federal e divulgados pela Embratur. O que a pesquisa nos permite, a partir de agora, é analisar quais razões, motivações, impressões e forma de comportamento dentro do país contribuem para que a chegada de estrangeiros com finalidade turística cresça cada vez mais: de 2004 para 2005, esse índice aumentou 11,78% - de 4,7 milhões para 5,3 milhões de turistas. Esses resultados servirão, portanto, para que todos os envolvidos no setor aperfeiçoem seus serviços. "A pesquisa mostra que estamos trabalhando na direção correta, pois o turismo internacional cresceu apenas 5% em todo o mundo no último ano, portanto o nosso índice representa mais que o dobro da média mundial", comemorou o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, ao divulgar a pesquisa. Motivação O lazer continua sendo a principal motivação para os estrangeiros virem ao Brasil, embora comece a ceder espaço para o turismo de negócios, eventos e convenções e ainda para visitas a parentes e amigos. Em 2005 44,4% dos estrangeiros que estiveram no Brasil buscavam lazer, enquanto 29,1% vieram a negócios e 26,5% por outros motivos. Em 2004 esses percentuais eram, respectivamente: 48,5%; 28,7% e 22,9%. Atrativos Para o Ministério do Turismo, essa diferença é um resultado da recuperação econômica do país, em especial o aumento nas exportações, um dos fatores que mais influencia o crescimento na procura de uma localidade para realização de eventos de negócios. Por isso a Região Sudeste é a mais procurada para esse tipo de turismo, e cresceu, respectivamente, de 78 para 78,5%, de 2004 para 2005, segundo a pesquisa da Fipe. Um resultado que corrobora o salto de 10 lugares dado pelo Brasil no ranking de países procurados para eventos internacionais: de 2002 a 2005, segundo a ICCA - International Congress & Convention Association (Associação Internacional de Congressos e Convenções) -, subimos de 21º para 11º lugar. A Região Sul é a mais procurada pelos turistas em busca do lazer (46,8% em 2005) porque os argentinos são o maior contingente de visitantes estrangeiros em nosso país, e vêm, em sua maioria, de carro, sem estender a viagem até o Nordeste. A pesquisa ressalta, porém, que de 2004 para 2005 houve maior diversificação na procura por regiões: menos turistas visitaram o Sul e o Sudeste, enquanto um percentual maior conheceu o Nordeste e o Norte. Essa mesma diversificação de um ano para outro encontramos na procura por cidades e unidades da federação visitadas, uma comprovação de sucesso em duas estratégias: a do Ministério do Turismo, ao estabelecer uma política de regionalização que passou a ofertar outros roteiros turísticos, além do lazer no litoral, e a da Embratur, ao conseguir mostrar esses novos destinos para os turistas estrangeiros. Gastos A pesquisa mostra que o turista, agora mais bem informado sobre os roteiros do país, passou também a gastar mais: em 2004 cada turista de lazer um deixava US$ 58 por dia em solo brasileiro, valor que atingiu US$ 81,9 em 2005. Esse aumento também foi significativo entre os que vieram a negócios: subiu de US$ 98 para US$ 112,3/dia. Satisfação Outros resultados importantes da pesquisa são os que demonstram a satisfação dos turistas: 88% dos que vieram a lazer disseram que sua expectativa foi superada ou atendida plenamente; entre os que vieram a negócios esse índice ficou em 85,3%. Boa avaliação Os turistas também fizeram boa avaliação da infra-estrutura de nosso país em relação a itens como limpeza pública, segurança, serviços de táxi, transporte urbano, telefonia e internet e sinalização turística. A impressão sobre a estrutura turística do Brasil - aeroportos, restaurantes, alojamento e diversão noturna - foi igualmente positiva. Permanência A média de permanência do turista que vem a lazer aumentou, em número de dias, entre os procedentes da Suíça, Inglaterra, Holanda, Canadá, Estados Unidos e México. No total, os turistas que vieram de outros continentes ganham dos sul-americanos em tempo de permanência no Brasil: eles ficam em média 14 dias, contra 10 dos nossos vizinhos.
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