Neste tempo de Copa do Mundo é perceptível a empolgação das pessoas. Elas se unem, enfeitam as ruas, pintam os muros, combinam festas etc. Por isso coloquei para os alunos (Escola Deolindo) a seguinte questão: Por que será que as pessoas se unem e fazem tudo isso, mas não se empolgam para outros motivos, em outras épocas? A seguir, selecionei algumas das reflexões feitas por eles. No primeiro texto o aluno define bem o ser patriota: aquele que se empenha sempre pela Pátria. Assim, essa euforia patriótica promovida sazonalmente pela mídia só vale para disfarçar os reais problemas. Patriotismo ou hipocrisia – Autor: R.L.J.R. (3º E) Há cada quatro anos algo diferente ocorre no Brasil. Os habitantes deste país sentem-se incumbidos a fingir que são patriotas, apenas fingir. Por que não há união sempre? Eis a resposta: hipocrisia. A maior parte da população brasileira só se lembra que é brasileira na época da Copa. Empenham-se os brasileiros no fútil enfeitamento das ruas e casas, porém esquecem tudo isso quando a Copa acaba. Muitos comemoram, bebem, soltam rojões, enquanto suas famílias sofrem fome e outras privações. Imagine se essa união, esse empenho fossem utilizados para algo verdadeiramente necessário, como a busca da melhoria da cidade, o crescimento político. Se a grande maioria dos brasileiros não fosse hipócrita e se unisse para um bem comum, verdadeiramente necessário, poderia mudar o país. O segundo texto é de uma aluna. Ela atualiza a política do “pão e circo”, que foi a denominação dada aos espetáculos romanos (torneios, lutas etc.), cuja finalidade era desviar a atenção do povo, distraí-lo. O termo filosófico que mais se aproxima de tal sentido seria alienação. Copa do mundo é Pão e Circo – Autora: B. D. S. (3º E) Que união! Pessoas gritam e sorriem, bandeirinhas sacodem com o vento; todos vibram numa mesma freqüência a cada gol da seleção que adoramos. Além do Carnaval, é a única vez que vemos as pessoas unidas, pois a Copa do Mundo nada mais é do que a política do “Pão e Circo”, onde esquecemos dos problemas sociais e econômicos em que vive o país. Somos cegados pela euforia dos jogos. É divertido torcer pela seleção brasileira, emocionante, mas onde está todo esse patriotismo quando é época de eleição, quando deveríamos exigir nossos direitos? Não basta ver a bola rolar e sacudir a rede; nem pular e dizer: “Eu sou brasileiro!” O que precisa ser resolvido é o problema do crescimento do país, onde pagamos tributos absurdos e vivemos em condições lastimáveis. Os jogadores maravilhosos do Brasil são saudáveis, mas... e as nossas crianças? Será que têm boa escola e comida? Enfim, devemos ser brasileiros na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, nos nossos deveres e direitos até que o país seja melhor. E aí sim, a Copa do Mundo ganhar!
|