Cerca de 200 pediatras reuniram-se dia 16, em frente ao Palácio do Planalto, para reivindicar a inclusão da especialidade médica pediatria no Programa Saúde da Família (PSF). O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Dioclécio Campos Júnior, entregou ao assessor especial da Presidência Swedenberger Barbosa uma carta sobre o assunto. "O Programa Saúde da Família, que é uma das principais políticas da saúde no Brasil, exclui o atendimento pediátrico à população", afirmou Campos Júnior. Segundo ele, a ausência de profissionais especializados no atendimento infantil desrespeita o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prevê o investimento na qualidade da assistência à saúde dessa parcela da população. Na carta, dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a SBP diz que o Saúde da Família não garante a crianças e adolescentes o direito à "melhor medicina do seu tempo", inserindo o programa em "estratégias públicas simplificadoras, de baixo custo e pouca qualidade". "Isso acentua o fosso que separa cidadão de ’primeira e segunda classe’ no Brasil". Dioclécio Campos Júnior ressaltou que o atendimento pediátrico é essencial na prevenção e identificação de doenças nos primeiros anos de vida, como desnutrição e déficit de audição. "O médico que não é formado para a área de atuação é incapaz de reconhecer problemas que ocorrem nesse período, ou reconhece tardiamente, quando já se tornou um problema grave", disse ele. "Sem contar o caráter de prevenção, que é o componente essencial da prática do pediatra". Segundo o estudo Avaliação da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) nas Unidades do Programa Saúde da Família no Estado de Pernambuco, de 2003, apenas um terço dos profissionais fez investigação de três dos quatro sinais gerais de perigo que evidenciam a presença de doença grave que requer encaminhamento para unidades de saúde mais complexas. A pesquisa avaliou o atendimento dado a 203 crianças menores de cinco anos em 30 unidades de saúde. O presidente da SBP explicou que, para se especializar em pediatria, o médico precisa fazer cinco mil horas em tempo integral de residência na área, o equivalente a mais dois anos de formação. No curso de medicina, as disciplinas específicas sobre criança e adolescente somam de 20 a 50 horas no currículo.
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