Embora fundamental, a paixão adolescente merece atenção dos pais
"Ela só quer, só pensa em namorar, de manhã cedo já está pintada, só vive suspirando sonhando acordada, o pai leva ao doutor a filha adoentada, não come nem estuda não dorme nem quer nada". No Xote das Meninas, o compositor Luiz Gonzaga retratou muito bem a vivência dos adolescentes diante da paixão. "Trata-se de uma experiência fundamental para o autoconhecimento e o amadurecimento do jovem", explica a médica hebeatra Mônica Mulatinho. De acordo com a médica, não podemos esquecer que a paixão é uma manifestação química. "No estado apaixonado o indivíduo é bombardeado principalmente com o neurotransmissor serotonina. Isso explica a alteração ocorrida, que gera sensações de bem-estar e prazer, além do gostinho de quero mais", declara. Contudo, quando sintomas observados nas paixões intensas - como dispersão ou reclusão - começam a prejudicar o desempenho escolar, a alimentação, o sono ou a relação com a família e os amigos é hora dos pais entrarem em ação. Para a médica, adolescentes que vivenciam uma situação de carência afetiva exacerbada no âmbito familiar estão mais propensos a passar do estado de paixão à dependência de seu bem amado. "Qualquer dependência é extremamente prejudicial. Nesse caso, os pais devem atuar prontamente, fazendo do aconchego um potente estabilizador", diz. Para o psicólogo Erich Botelho, o diálogo também é fundamental, um componente importante nesse tipo de situação. "Os adolescentes necessitam de um espaço para desabafar. Cabe aos pais manter uma conversa aberta com os filhos, procurando especialmente se abster de preconceitos", orienta. Aos pais, Drª Mônica dá outra dica: "Quando perceber que seu filho está entregue a uma paixão e sem forças, redobre os elogios e as declarações de amor. Se ele estiver emocionalmente nutrido, estará mais forte e suprido para construir uma relação mais equilibrada onde viverá menos riscos e lidará mais facilmente com as possíveis frustrações", finaliza.
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