O destino do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) é o suicídio político, na avaliação da presidente em exercício da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Andréa Pachá. Ontem (6), cerca de 500 integrantes do MLST invadiram a Câmara dos Deputados, numa manifestação que resultou em agressões físicas e em depredação do patrimônio público. "É impossível se imaginar a existência de um movimento que tenha por finalidade, para se fazer conhecer, quebrar o patrimônio do jeito que foi quebrado, agredir as pessoas que trabalhavam ali dentro do Congresso", afirmou a juíza em entrevista à Rádio Nacional AM. "O que percebo é que não é possível se consolidar qualquer movimento que queira avançar politicamente em cima de um cenário e de uma violência como a de ontem", acrescentou. A magistrada defendeu punição exemplar dos responsáveis pelos atos de violência e afirmou que o episódio não tem precedentes na história do Brasil. "Não é possível admitir qualquer leniência (brandura) com essa prática. Vivemos numa democracia, temos instituições funcionando, isso foi uma agressão sem precedentes na história desse país", avaliou. Ontem a entidade, que representa 14 mil juízes, divulgou nota à imprensa repudiando os atos que classificou de "vandalismo". Na nota, a AMB avalia que a invasão "transcende qualquer direito e desqualifica qualquer motivação, ainda que justa". "O que nós assistimos não foi nenhuma manifestação; a motivação sequer era conhecida; foi ato de vandalismo, um quebra-quebra; foi desagradabilíssimo para a população ter que assistir, ter que vivenciar uma situação como aquela, no momento em que vivemos", reforçou Andréa Pachá. Para ela, os manifestantes atacaram não apenas o Congresso Nacional, mas a democracia brasileira. "É necessário que as pessoas que se dizem integrantes desse movimento tenham a proporção do mal que se pode causar ao Estado e à democracia com uma ação dessa natureza, além dos danos efetivos com pessoas machucadas, trabalhadores machucados, porque quem sofreu as conseqüências mais diretas eram as pessoas que estavam trabalhando ali na entrada do Congresso", observou.
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