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COLUNISTA
Carlos Rizzo
10/05/2006 - 06h08
É de dar pena
 
 
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Dar e vender. O cisne da tundra siberiana tem mais de 25.000 penas quando um pássaro comum tem entre 2.000 e 4.000 penas. Alguém contou. Desses totais, 30 ou 40% das penas se concentram na cabeça.

Basicamente existem dois tipos de penas, as de contorno dando o desenho e a aerodinâmica, e as térmicas, ou plúmulas, garantindo a circulação do ar e o calor, existem ainda as filoplumas que servem para a orientação durante o vôo e algumas aves ainda possuem penas especializadas para funções específicas seja táctil ou produtoras de hidrorepelentes.

As penas dos pássaros, evoluíram das escamas de alguns dinossauros e répteis, as penas térmicas determinam o habitat da ave, por isso o cisne da tundra que vive no extremo do inverno necessita de tantas penas e os outros que vivem em climas mais quentes necessitam menos penas.

As penas de contorno determinam o tipo de vôo. É difícil saber se o vôo veio antes do desenho da ave ou se o habitat e os alimentos disponíveis determinaram o vôo.

São as penas que determinam a classe das aves e não necessariamente o vôo.

Todas as aves têm penas, mas nem todas as aves voam, ainda bem. Já pensou em um bando de emas pousando nos telhados das casas?

Quanto ao vôo podemos dizer que existem dois tipos, com o bater das asas e o vôo planado. Nenhuma ave se iguala ao bater das asas dos beija-flores. Poucos pássaros planam igual ao urubu. Quem é bom no bater das asas é ruim no planar e quem é bom no planar tem dificuldades no bater das asas.

Apesar de outros animais, como os insetos e o morcego voarem eficientemente, nada se compara à complexidade e variedades de mecanismos dos vôos das aves. Realmente voar é com as aves.

A proporção entre o comprimento e a largura é crucial no vôo e na sobrevivência das aves. Nos pombos essa proporção tem pouca diferença e lhes permite manobras rápidas e arrojadas na fuga dos predadores. No urubu a diferença é maior, o que lhe dá a possibilidade do vôo planado sem grandes manobras. Predadores como os falcões planam por longos períodos e ao avistarem as suas presas são capazes de se lançarem a velocidades de até 250 km por hora. Uma Ferrari quando vê um bom prato!

Foi a partir da observação do vôo das aves planadoras que o nosso Gastão Madeira formulou todo o sistema de estabilidade dos aviões. As diferenças entre a largura e o comprimento nos aviões determinam da mesma forma que alguns aviões planem sem dificuldades e outros pousem e decolem com facilidade. Um helicóptero não plana. A maioria dos grandes aviões voam com eficiência, porém os acidentes na aviação comercial é no pouso ou na decolagem.

Alguém já viu um beija-flor andando no chão? Ou um urubu voando de ré?


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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