Desde que o cinema da retomada no Brasil começou a apresentar filmes com qualidade internacional, sempre que uma nova edição de algum dos principais festivais do mundo começa, cria-se folclórica expectativa a respeito da participação brasileira e de suas possibilidades de premiação. Ao contrário das últimas três, nesta 59ª edição do Festival de Cinema de Cannes, não há Brasileiros concorrendo na categoria principal. Assim, as atenções por aqui devem centrar-se nos favoritos entre os inscritos: "Volver", de Pedro Almodóvar; "Marie Antoinette", de Sofia Coppola e "Il caimano", de Nanni Moretti. No Un Certain Regard, a parte oficial-paralela do festival, há uma pequena participação brasileira no filme "Paris, je t’aime" que apresenta visões de diversos cineastas de todo o mundo sobre a capital francesa. Uma delas é a do diretor Walter Salles. Mas o carioca Eduardo Valente, que em 2002 ganhou o primeiro prêmio da Cinéfondation, com seu curta "Um sol alaranjado", participa este ano da competição oficial de curtas, com "O monstro", seu terceiro trabalho (o segundo, "Castanho", passou na Quinzena dos Realizadores). No total, dez curtas foram admitidos, além do filme de Valente, apenas mais um latino-americano, "Primera nieve", do argentino Pablo Agero. A última participação brasileira será a do recifense Bruno Jorge que estuda em Paris e será o representante brasileiro de 2006 na Cinéfondation, mostra dedicada a filmes estudantis, com "Justiça ao insulto", produzido em São Paulo. Nesta mesma mostra, ainda mais um representante da América do Sul, o argentino Gustavo Riet, participa com "Ge & Zeta". "Sida" (Aids), do argentino Gaspar Noé, que vive e trabalha na França, participará fora de concurso, na mostra de meia-noite. Cannes reserva significativa parte do fascínio que exerce entre os admiradores de cinema em todo o mundo para também se oferecer a outdoor da indústria cinematográfica americana. Dois notórios exemplos disso nesta 59ª edição são a escolha do filme de abertura, "Código Da Vinci", que promete ser o arrasa-quarteirão da temporada e a presença de Oliver Stone no dia 21, durante a exibição de "Platoon" na abertura da seção de Clássicos de Cannes, reservada a clássicos do cinema restaurados ou remasterizados, aproveitando o lançamento mundial do filme em DVD pela MGM e já engatando um balão de ensaio na divulgação do próximo filme do diretor: "World Trade Center", com a Paramount mostrando algumas cenas do trabalho. O Festival, que será aberto oficialmente na noite de 17 de maio com a estréia mundial de "Código Da Vinci", de Ron Howard, que já participou de Cannes com "Willow" (1988), "Far and Way" (1992) e "Ed TV" (1999), terá o ator francês Vincent Cassel como mestre de cerimônias e o júri presidido pelo diretor chinês Wong Kar Wai. Serão jurados também a atriz italiana Monia Bellucci, a inglesa Helena Bonham Carter, a chinesa Zhang Ziyi, o ator inglês Tim Roth e o americano Samuel L. Jackson, além do diretor francês Patrice Leconte, do palestino Elia Suleiman e da diretora Argentina Lucrecia Martel. Caberá a eles decidir qual dos seguintes filmes será o ganhador da Palma de Ouro de 2006: Pedro Almodovar - Volver Nanni Moretti - The Caiman Paolo Sorrentino - L’amico di famiglia Ken Loach - The Wind that Shakes the Barley Nicole Garcia - Charlie Said Bruno Dumont - Flanders Xavier Giannoli - I Did It My Way Rachid Bouchareb - Days of Glory Lucas Belvaux - The Weakest Is Always Right Sofia Coppola - Maria Antonieta Alejandro Gonzalez Inarritu - Babel Nuri Bilge Ceylan - Iklimler Pedro Costa - Juventude em Marcha Guillermo del Toro - Pan’s Labyrinth Aki Kaurismaki - Lights in the Dusk Andrea Arnold - Red Road Richard Kelly - Southland Tales Richard Linklater - Fast Food Nation Lou Ye - Summer Palace
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