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COLUNISTA
Carlos Rizzo
17/04/2006 - 10h00
Ainda bem que não comi
 
 

Em 1976 quando Millor Fernandes traduziu “De volta ao Lar” de Harold Pinter foi duramente criticado pelo uso de palavrões num texto teatral. Plínio Marcos há anos vinha amargando a pecha de maldito pelos palavrões usados em “Navalha na carne” de 1967. Naquela época Millôr Fernandes encerrou a polêmica com uma bela entrevista nas amarelinhas da revista “Veja”. A partir daí Millôr foi eleito defensor do palavrão com textos distribuídos até hoje pela internet como sendo de sua autoria.

Na verdade Millôr defendeu e defende a liberdade da língua, pois segundo ele, a língua verdadeira é dinâmica, nasce com o povo, está com o povo e se transmuta com o povo. Os dicionários são os cemitérios das palavras.

- Gosto tanto quando você chupa assim! Chupa mais, chupa mais!

Millôr usou esta frase naquele artigo e a despeito do que se pode imaginar é o diálogo de uma vovó com o seu netinho chupando manga.
A conotação é de cada um.

- Cafezinho bom, né?

- É mas no coador é melhor.

- To fora! Prefiro café de máquina e nem quero saber onde a dor é melhor.
Como disse o Millôr, vai de cada um.

Sempre me lembro da velha turma de São Paulo, lá pelos meus vinte anos a nossa turma se encontrava todas semanas. Fosse para um cineminha, um teatro ou se reunir na casa de alguém para comer e beber o que cada um levava como colaboração. Éramos todos estudantes, cujo único compromisso era a amizade e a alegria do encontro.

Beth fazia parte, era uma menina toda certinha, arrumadinha e cheia dos dotes culinários. Certa vez, num dos jantares, Beth levou uma torta salgada que ficou esquecida na cozinha, fomos lembrar muito tempo após o jantar. Ela ficou ofendida com o desprezo.

Ary era um comilão de marca maior. Todo mundo já estava satisfeito, mas ele foi comer a torta da Beth na cozinha. Parece que não foi só na cozinha que o Ary comeu a torta da Beth, fisgado pelo estomago, deu a maior confusão quando a certinha da Beth apareceu grávida. Ary namorava a Cida que era uma pessoa pacata e sossegada, revoltada com a traição, arrebentou o fusquinha branco do Ary.

Naquela época eu namorava a Eliana que estudava arquitetura e praticava tae kon do, ainda bem que eu não comi a torta da Beth.


Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
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