O Ministério da Saúde adverte: votar errado faz mal para a cidade.
Sempre digo e reconheço que o atual prefeito é um campeão nas urnas, ninguém pode negar que ele sabe muito bem quanto custa cada voto que consegue. Mas como administrador de uma cidade turística ele é um zero a esquerda. Até hoje não temos um Plano Diretor, não temos um corredor turístico, não temos segurança, não temos dignidade. As únicas coisas que se alastram pela cidade nos últimos anos é o assistencialismo, o favoritismo e uma política rasteira digna de um gambá. Somos uma casa sem sala de visitas, com os quartos abarrotados de gente, gerida por um empregado que pensa que é o dono da casa, que não sabe que dois mais dois não é somente mais quatro votos importados do interior do Brasil, e sim, mais 10 habitantes trazidos para uma cidade sem estrutura, sem empregos e sem oportunidades. Que isto está mais para a construção de um barril de pólvora do que a construção de uma cidade digna e respeitável. Somos uma cidade turística e não temos uma secretaria de turismo implementada, estamos no terceiro secretário de turismo e ainda não sabemos a que veio o atual e o que fará com uma verba R$ 80.000,00 para "trabalhar" até o final do ano. Praticamente tivemos um secretário de turismo para cada ano do atual mandato e me pergunto, será que não existem secretários eficientes no mercado ou o Prefeito é um incompetente para escolher o seu primeiro escalão? O nosso vergonhoso centro urbano, a sala de visitas de qualquer cidade, com suas calçadas estreitas, esburacadas, ocupadas por postes, sacos de lixo, mercadorias sendo descarregadas, bicicletas estacionadas. Ao pretender asfaltar o centro, o prefeito demonstrou toda a sua incompetência administrativa e descaso pela cidade, não se preocupou em redesenhar e redimensionar as calçadas, simplesmente espalhou concreto indicado pelas guias projetadas por Cunhambebe e nos expôs a mais um mandato judicial. Com certeza quando chove ele não anda a pé pelo centro da cidade, com certeza há muitos anos ele não precisa empurrar um carrinho de nenê pelas calçadas do centro da cidade, mas, com certeza, um dia ele será um idoso com os limites físicos impostos pela idade e espero que ele não seja obrigado a andar a pé pelas calçadas do centro da cidade igual ele obriga nossos idosos a andarem hoje. Espero que um dia Ubatuba tenha um prefeito que tenha vergonha igual a que sentimos quando somos olhados por turistas parados nas vitrines, por idosos se desviando dos empurrões, por deficientes abrindo espaços para os seus aparelhos, por crianças que não podem andar lado a lado com seus pais. Um prefeito com vergonha na cara, arejando nosso centro da cidade para mostrar a nós cidadãos e a todos os turistas que nos visitam que esta é uma cidade digna e que se dá ao respeito. Um prefeito que não precise se escudar em mandatos judiciais para manter um poder voltado única e exclusivamente para a conquista de votos. Um prefeito que faça as contas de quantos dias tem para trabalhar em benefício da cidade e não de quantos anos um processo judicial irá demorar a, eventualmente, condena-lo. Um prefeito apto aos votos por sua competência administrativa e não pela demora e inoperância do nosso sistema judiciário. Enfim, um lugar com um sistema político-administrativo digno de uma cidade turística e não de um mamífero onívoro de vida noturna, marsupial do gênero didelfídeo.
Nota do Editor: Carlos Augusto Rizzo mora em Ubatuba desde 1980, sendo marceneiro e escritor. Como escritor, publicou "Vocabulário Tupi-guarani", "O Falar Caiçara" em parceria com João Barreto e "Checklist to Birdwatching". Montou uma pequena editora que vem publicando suas obras e as de outros autores.
|